Para quem pensa cometer um suicídio sem dor, alertamos que o suicida não o fará sem dor, muita dor.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

COMUNHÃO



 - O que aconteceu no encerramento do 3° CONGRESSO ESPÍRITA de 2010!!

- É UM GRANDE E EMOCIONANTE ALERTA!!!
Enviada: 25/08/2010 03:15

Fico imaginando o fenômeno que ocorrerá durante as projeções do filme NOSSO LAR, em verdadeira comunhão de pensamento....


Leiam a profundidade da Mensagem de Yvonne Pereira, Espírito.

Foi psicografada no encerramento do Congresso e vejam o que aconteceu enquanto todos oravam e cantavam a maravilhosa música de Nando Cordel, "Paz pela Paz"!!

À medida que se lê, a emoção invade nossos corações neste momento de paz e resgate dos espíritosm sofrimento...






PRESENÇA DIVINA


Amigos e irmãos, abraço-os fervorosamente.

Nesta oportunidade, desejo compartilhar com os companheiros um fato relacionado ao suicídio que resultou numa série de ações, desenvolvidas ao longo de dezoito meses, aproximadamente, mas cujo desfecho superou todas as expectativas, mesmo as inimagináveis.

As regiões de sofrimento onde vivem os suicidas, de todas as categorias, são inúmeras e vastas nos planos de espírito. Brotam de um dia para outro, pois os excessos da humanidade têm reduzido o tempo de reencarnação para um número significativo de pessoas. Os atentados contra a manutenção da saúde física, mental e psicológica atingem cifras realmente assustadoras.

A campanha em defesa da vida, conduzida pelos espíritas, é ação que ameniza a situação. Mas algo mais intenso e abrangente, que envolva a sociedade, urge ser desenvolvido.





Assim, passamos ao nosso relato.


Localizamos em determinado nicho, em nosso plano, uma comunidade de suicidas vivendo em situação precária, em todos os aspectos. Chamava a nossa atenção que tal reduto de dor nunca reduzia de tamanho. Ao contrário, contabilizávamos um número crescente, dia após dia. Procurando analisar a problemática por todos os seus ângulos, verificamos que no local, incrustado em espaço de difícil acesso, existia uma espécie de "escola" – se este é o nome que se pode utilizar – cujos integrantes se especializaram em indução ao suicídio: técnicas, recursos e equipamentos sofisticados eram desenvolvidos para que encarnados cometessem suicídio.


O suicida era, então, conduzido à instituição e, sob tortura, a alma sofredora fornecia elementos mentais que serviam de alimento à manutenção de diferentes desarmonias que conduzem o homem ao desespero.


Fomos surpreendidos pela existência de tal organização e estarrecidos diante do fato, de como a alienação, associada à maldade, pode desestruturar o ser humano.

Depois de tomar conhecimento dos detalhes, um plano de trabalho foi definido, depois que um mensageiro de elevada região veio até nós.

Duramente pelejamos para sermos adequadamente preparados, inclusive aprendendo a liberar vibrações mais sublimadas, a fim de fornecer a matéria mental e sentimentos puros que pudessem erguer um campo de força energético ao redor do local.

Almas devotadas estiveram conosco permanentemente instruindo-nos, fortificando-nos e nos revelando a excelsitude do amor. Entretanto, era preciso fazer algo mais. Desfazer a organização não representaria, em princípio, maiores problemas, o desafio seria convencer os instrutores a não fazer mais aquele tipo de maldade.

 Várias tentativas foram envidadas, neste sentido.

 Orientadores esclarecidos da Vida Maior foram rejeitados e até ridicularizados. Nada conseguíamos com os dirigentes daquela instituição, voltada para a prática do suicídio.

Mas, a vitória chegou, gloriosa, no final da tarde do domingo último*, quando convidados a participar do encerramento do Congresso, aqueles dirigentes presenciaram a luminosidade do amor. Conseguiram, finalmente, ver o significado da vida, a sua importância e fundamentos.

Foram momentos de grande emoção que envolveu a todos nós, quando uma nesga de luz desceu sobre os encarnados e desencarnados no exato instante em que todos, em ambos os planos da vida, se deram as mãos e cantaram a música em prol da paz.

A nesga de luz se alargou, cresceu, envolveu a todos. A força do amor jorrou plena e, em sublime explosão, rompeu o ar, circulou sobre a cabeça de todos, espalhou-se como poderosa onda para além do recinto, ganhando a cidade.

Brasília se nimbou de luz, no ar, no solo, nas águas. À nossa visão estupefata e maravilhada parecia que uma nova estrela estava surgindo. Os seres da criação, vegetais, animais e hominais, os elementos inertes, rochas e minerais, as construções humanas, prédios, edifícios, avenidas, bancos, repartições públicas e privadas, residências, tudo, enfim, foi banhado por luz pura e cristalina que jorrava do alto. Célere, a bela luminosidade espalhou do coração da Pátria para todos os recantos, do Brasil, das Américas, da Europa, África, mais além, no extremo e médio oriente, atingindo todos os continentes, países e cidades. Alcançou os pólos do Planeta, girou, em bailado sublime, por breves minutos ao redor do Terra e se prolongou mais além, em direção ao infinito.

Jesus tinha se aproximado do Planeta, em brevíssima visita de luz, amor e compaixão.

Jamais presenciei tanta beleza e tanta paz!
Com afeto,


Yvonne Pereira
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*Domingo, 18 de abril de 2010: dia do encerramento do 3.º Congresso Espírita Brasileiro. Todos os presentes cantavam, emocionados, a música pela paz.
Mensagem psicográfica recebida por Marta, na FEB, em Brasília no dia 22 de abril de 2010.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Violência doméstica mata 12 mulheres todos os dias - UOL notícias


Um dado alarmante: a violência doméstica provoca a morte de 12 mulheres, ao dia, em todo o Brasil. Nesta reportagem especial, você vai saber quem é Maria da Penha, a vítima deste tipo de crime que lutou para transfomar o sofrimento, na lei que hoje beneficia milhares de mulheres. Veja:

http://tvuol.uol.com.br/#view/id=violencia-domestica-mata-12-mulheres-todos-os-dias-04021A3466D89113C6/mediaId=6126344/date=2010-08-16&&list/type=user/codProfile=99at89ajv6h1/

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O SUICÍDIO É A NEGAÇÃO ABSOLUTA DA LEI DO AMOR

Em Taiwan, a fabricante de eletrônicos Foxconn “anunciou que vai contratar dois mil profissionais de saúde mental para tentar conter uma onda de suicídios em suas fábricas na China”(1). A empresa conta com 700 mil funcionários - cerca de 300 mil deles na China -, fabrica vários produtos para multinacionais, como o celular iPhone, da Apple, os consoles de games PlayStation, da Sony, Wii, da Nintendo, e Xbox, da Microsoft, e o leitor eletrônico Kindle, da Amazon..


Na França, como se não bastasse o preocupante “Dia nacional de prevenção ao suicídio”, a Justiça francesa está investigando a onda de suicídios na operadora de telefonia France Telecom. Nos últimos dois anos, 46 funcionários da companhia se mataram - 11 deles apenas em 2010, segundo dados da direção da empresa e dos sindicatos.

Nos EUA a Universidade de Cornell, no estado americano de Nova York, lançou recentemente uma campanha de prevenção ao suicídio. A Universidade já carrega há muito tempo a fama negativa de ser uma escola marcada por suicídios. Entre 2000 e 2005, houve 10 casos de suicídio confirmados na Cornell.

O número de suicídios na Terra estarrece, senão vejamos: há dez anos foram “815.000 pessoas que cometeram suicídio. Países do Leste Europeu são os recordistas em média de suicídio por 100.000 habitantes. A Lituânia (41,9), Estônia (40,1), Rússia (37,6) (a taxa de suicídio na Rússia é a segunda no mundo, abaixo somente da Lituânia e leste europeu), Letônia (33,9) e Hungria (32,9). Guatemala, Filipinas, e Albânia estão no lado oposto, com a menor taxa, variando entre 0,5 e 2. Os demais estão na faixa de 10 a 16. Em números absolutos, porém, a República Popular da China lidera as estatísticas. Foram 195 mil suicídios no ano de 2000, seguido pela Índia com 87 mil, os Estados Unidos com 31 mil, o Japão com 20 mil (em 2008 o suicídio entre jovens bateu novo recorde no Japão)e a Alemanha com 12,5 mil” (2).

O suicídio é um ato exclusivamente humano e está presente em todas as culturas. Suas matrizes causais são numerosas e complexas. Alguns veem o suicídio como um assunto legítimo de escolha pessoal e um direito humano (absurdamente conhecido como o "direito de morrer"), e alegam que ninguém deveria ser obrigado a sofrer contra a sua vontade, sobretudo de condições como doenças incuráveis, doenças mentais e idade avançada que não têm nenhuma possibilidade de melhoria.

Nenhuma religião admite o suicídio. Essa unanimidade evidencia tratar-se de algo contrário às leis divinas. Mas, algumas seitas paranóicas fazem cultos ao suicídio, como a Ordem do Templo Solar, a Heaven’s gate, a Peoples Temples e outras. Entre os adeptos “notáveis” dessa escola de pensamento estão incluidos o filósofo pessimista Arthur Schopenhauer, Friedrich Nietzsche, e o empirista escocês David Hume.

Sob o ponto de vista sociológico, o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas(3), em que os indivíduos se veem forçados a tirar a própria vida para evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis. Em verdade para os espíritas o "suicídio é o ato sumamente covarde de quem opta por fugir, despertando em realidade mais vigorosa, sem outra alternativa de escapar"(4).

O suicida não quer matar a si próprio, mas alguma coisa que carrega dentro de si e que, sinteticamente, pode ser nominado de sentimento de culpa e vontade de querer matar alguém com quem se identifica. Como as restrições morais o impedem, ele acaba se autodestruindo. Assim, o suicida mata uma outra pessoa que vive dentro dele e que o incomoda, profundamente. O pensador Émile Durkheim teoriza que a "causa do suicídio, quase sempre, é de raiz social, ou seja, o ser individual é abatido pelo ser social. Absorvido pelos valores [sem valor], como o consumismo, a busca do prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não ser um perdedor, de ser o melhor, de não falhar, a pessoa se afasta de si mesmo e de sua natureza. Sobrevive de ‘aparências’, para representar um ‘papel social’ como protagonista do meio. Nessa vivência neurotizante, ele deixa de desenvolver suas potencialidades, não se abre, nem expõe suas emoções e se esmaga na sua intimidade solitária"(5).

Curiosamente, há casos e casos. Em incêndios de edifícios, algumas pessoas presas em andares superiores, têm pulado para a morte, ante a proximidade das chamas. Não podemos considerar essa situação como um ato suicida. Há apenas um gesto instintivo de fuga. O calor, nessa situação, é tão intenso que, literalmente, pode levar a pessoa ao estado de absoluta inconsciência.

Situação grave que merece ser analisada é a obsessão que pode ser definida como um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente, pela presença perturbadora de um obsessor(encarnado ou desencarnado). Há suicídios que se afiguram como verdadeiros assassinatos, cometidos por perseguidores desencarnados (e encarnados também). Esses seres envolvem de tal forma a vítima que a induzem a matar-se. Obviamente que o suicida nesse caso não estará isento de responsabilidade. Até porque um obsessor não obriga ninguém ao suicídio. Ele sugere telepaticamente ao ato, porém a decisão será sempre do autocida.

A simples ideia, repetida várias vezes, leva o indivíduo à fascinação, à subjugação, e, por fim, ao suicídio. Emmanuel adverte que o suicídio é como alguém que “pula no escuro sobre um precipício de brasas. Após o ato, sobrevêm ao infeliz a sede, a fome, o frio, o cansaço, a insônia, os irresistíveis desejos carnais, a promiscuidade e as tempestades com constantes inundações de lamas fétidas”(6). Em verdade, "de todos os desvios da vida humana o suicídio é, talvez, o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos homens, sem a luz da misericórdia"(7)

Refletindo sobre a questão 945 de "O Livro dos Espíritos", que pensar do suicídio que tem por causa o desgosto da vida? Os Espíritos responderam: "Insensatos! Por que não trabalhavam? A existência não lhes seria uma carga!"(8) O suicídio é a mais desastrada maneira de fugir das provas ou expiações pelas quais devemos passar. É uma porta falsa em que o indivíduo, julgando libertar-se de seus males, precipita-se em situação muito pior. Arrojado violentamente para o além-túmulo, em plena vitalidade física, revive, intermitentemente, por muito tempo, as chicotadas de consciência e sensações dos derradeiros instantes, além de ficar submerso em regiões de penumbras, onde seus tormentos serão importantes para o sacrossanto aprendizado, flexibilizando-o e credenciando-o a respeitar a vida com mais empenho.

Na literatura espírita encontramos livros que comentam o assunto. Temos como exemplo: "O Martírio dos Suicidas", de Almerindo Martins de Castro, e "Memórias de um Suicida", ditado pelo Espírito Camilo e psicografado por Yvonne A. Pereira. O mestre de Lyon, em o livro "O Céu e o Inferno" deixa enorme contribuição em exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual e, especificamente, no capítulo V, da Segunda parte, onde aborda a questão dos suicidas.

Quando um indivíduo perde a capacidade de se amar, quando a autoestima está debilitada, passa a ter dificuldade de manter a saúde física, psíquica e somática. André Luiz explica que "os estados da mente são projetados sobre o corpo através dos bióforos que são unidades de força psicossomáticas, que se localizam nas mitocôndrias. A mente transmite seus estados felizes ou infelizes a todas as células do nosso organismo, através dos bióforos. Ela funciona ora como um sol irradiando calor e luz, equilibrando e harmonizando todas as células do nosso organismo, e ora como tempestades, gerando raios e faíscas destruidoras que desequilibram o ser, principalmente em atingindo as células nervosas"(9).

O mais grave é que o suicida acarreta danos ao seu perispírito. Quando reencarnar, além de enfrentar os velhos problemas ainda não solucionados, verá acrescida a necessidade de reajustar a sua lesão perispiritual. Portanto, adiar dívida significa reencontrá-la mais tarde, com juros cuidadosamente calculados e cobrados, sem moratória. A questão 920, de O Livro dos Espíritos, registra que a vida na Terra foi dada como prova e expiação, e depende do próprio homem lutar, com todas as forças, para ser feliz o quanto puder, amenizando as suas dores(10).

Ante o impositivo da Lei da fraternidade, devemos orar pelos nossos irmãos que deram fim às suas vidas, compadecendo-nos de suas angústias, sem condená-los. Até porque, todos os suicidas, sem exceção, lamentam o ato praticado e são acordes na informação de que somente a oração em seu favor alivia as atrozes dores conscienciais em que se encontram e que lhes parecem eternas.

Jorge Hessen

http://jorgehessen.net



Fontes:

(1) Cf. informa a edição online do jornal de Hong Kong South China Morning Post

(2) Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Suic%C3%ADdio

(3) Anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno

(4) Franco, Divaldo, Momentos de Iluminação, Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis, RJ: ed. FEB

5) Durkheim, Emile. Título: El suicidio. P.imprenta: Tlahuapan, Puebla. Premiá. 1987. 343 p. Edición; 2a ed. Descriptores: Suicidio. Sociología. Aspectos psicológicos

(6) Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Leis Do Amor, ditado pelo espírito Emmanuel, Ed. FEESP, 1970

(7) Xavier, Francisco Cândido, O Consolador, Ditado pelo Espírito Emmanuel RJ: Ed. FEB - 13ª edição pergunta 154

(8) Kardec , Allan, O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 2001, perg. 945

(9) Xavier, Francisco Cândido, Missionário da Luz, Ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB 2003

(10) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 2002, pergunta 920

domingo, 1 de agosto de 2010

Mais de 9 mil pessoas chegaram ao suicídio no Brasil em 2008, diz Ministério da Saúde

Tema não recebe a devida importância no País, mas ocupa o 3º lugar entre os óbitos não naturais

26 de julho de 2010
12h 35

Leia a notícia

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SÃO PAULO - Se a cada dia cinco baleias aparecessem mortas nas praias, certamente o fato mereceria as capas dos jornais. De acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, 9.090 pessoas chegaram ao suicídio no Brasil em 2008, o que corresponde a 25 mortes diárias, mas pouca atenção foi dada ao assunto.







A comparação com as baleias - de uma campanha de prevenção de suicídio australiana, que em vez de “save the whales” usou o trocadilho “save the males”, referindo-se aos cinco homens que, diariamente, matam-se naquele país - e a crítica ao ofuscamento do suicídio são de Neury José Botega, professor titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).





A falta de atenção ao assunto, somada a preconceitos e a ideias errôneas, tem agravado a situação, que já se apresenta como um problema de saúde pública, de acordo com o pesquisador.





Atitudes simples, como maior atenção durante tratamentos hospitalares, podem salvar centenas de vidas, segundo Botega. “Os números são apenas a ponta do iceberg, pois, para cada suicídio, estima-se que haja pelo menos 20 tentativas. E, para cada caso de tentativa que atendemos no hospital, outras cinco pessoas, na comunidade, estão planejando e 17 estão pensando seriamente em pôr fim à vida”, disse o pesquisador à Agência Fapesp.





Esses dados estão no artigo 'Prevalências de ideação, plano e tentativa de suicídio: um inquérito de base populacional em Campinas (SP)', publicado na revista Cadernos de Saúde Pública (CSP) da Fundação Oswaldo Cruz.





Ao visitar 600 residências distribuídas em estratos sociais diversos, o grupo de pesquisa de Botega descobriu que o problema é mais amplo do que se imaginava. O estudo levantou que quase um quinto das pessoas visitadas já pensou seriamente em suicídio ao longo da vida.





Para os pesquisadores, essa proporção deve se repetir em outros grandes centros. São números que não aparecem nos dados oficiais. “Basta dizer que apenas uma em cada três tentativas de suicídio recebe atendimento médico”, disse.





No artigo, os pesquisadores alertam que a escassez de dados é um agravante, uma vez que implica menor conscientização dos clínicos e dos gestores de saúde pública em relação ao impacto do comportamento suicida nos serviços da área.





Em 97% dos casos, segundo vários levantamentos internacionais, o suicídio é um marcador de sofrimento psíquico ou de transtornos psiquiátricos. Em ambos são necessários profissionais de saúde treinados para detectar e tratar adequadamente o paciente durante uma passagem hospitalar, mesmo que ela seja feita por outras razões, como alguém que foi internado por acidente de trânsito, por exemplo.





Segundo trabalhos realizados pelo grupo do professor Botega, gravidez na adolescência é um dos casos que exigem maior atenção de médicos e enfermeiros, uma vez que um estudo apontou que adolescentes grávidas têm três vezes mais chances de tentar suicídio.





Outros estudos demonstraram que os riscos também são maiores com pacientes que sofrem de epilepsia e com dependentes de álcool. O que não quer dizer que outros casos também não devam ser considerados, segundo os pesquisadores.





O professor da Unicamp se baseia em dados de pesquisas que tem coordenado, como “Epilepsia e comportamento suicida na comunidade: um estudo de caso-controle”, realizada de 2006 a 2008, e “Estudos de intervenção breve oportuna no hospital geral”, feita entre 2007 e 2009, ambas com apoio da Fapesp por meio do Auxílio à Pesquisa - Regular.





Investimentos em prevenção





Botega conta que o receio de induzir uma pessoa ao suicídio, ou de ter de carregar uma grande responsabilidade, inibe a maioria dos profissionais de saúde de perguntar ao paciente se ele já pensou no assunto. “É uma ideia errônea. Perguntar sobre suicídio é fundamental para o encaminhamento a um tratamento adequado”, disse.





Além do treinamento dos profissionais de saúde, Botega defende programas simples que podem evitar mortes. O acompanhamento telefônico de pacientes é um deles, e sua eficácia foi comprovada no “Estudo multicêntrico de intervenção no comportamento suicida (Supre-Miss), da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, realizado entre 2003 e 2005, também com o apoio da Fapesp.





Inserido em uma pesquisa internacional da OMS, a equipe de Botega conseguiu reduzir em dez vezes a taxa de suicídio entre pessoas que já haviam tentado se matar.





O tratamento consistiu apenas em acompanhar os pacientes por meio de ligações telefônicas periódicas. A experiência foi destacada pela revista Pesquisa Fapesp.





Informar e sensibilizar a sociedade sobre o problema é outra atitude necessária, de acordo com Botega. “Tirar o suicídio da penumbra é fundamental. É preciso uma comunicação ampla e responsável sobre o assunto”, afirmou.





Com esse objetivo, a equipe de pesquisa da Unicamp publica materiais de divulgação como folhetos e cartazes dirigidos tanto a especialistas como ao público em geral, procurando desmistificar o tema e abordá-lo de maneira aberta.





Segundo Botega, o suicídio não recebe a devida importância no Brasil, mas ocupa o terceiro lugar entre os óbitos não naturais, ficando atrás dos acidentes de trânsito (com quatro vezes mais mortes) e dos homicídios (seis vezes mais).





O Brasil apresenta menos de 6,5 suicídios para cada 100 mil habitantes, o que o deixa entre os países com as menores taxas mundiais. Na maioria dos países europeus, por exemplo, esse número é de mais de 13 mortes para o mesmo número de habitantes.





“O que não quer dizer que a quantidade desse tipo de morte seja pequena por aqui, por sermos um país populoso e, também, porque as taxas de suicídio, em algumas regiões e grupos populacionais, se aproximam das mais elevadas do planeta”, disse Botega.





Educação permanente de profissionais de saúde, sensibilização e informação da sociedade, e aplicação de programas eficazes de prevenção ao suicídio baseados em estudos científicos são, segundo o pesquisador, a chave para salvar muitas vidas no Brasil.

O Estadão - Saúde