Para quem pensa cometer um suicídio sem dor, alertamos que o suicida não o fará sem dor, muita dor.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Suicídio - Causas e Conseqüências




Fundação Espírita André Luiz
Allan Kardec no livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo" capítulo 5º diz que "a calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio".
A incredulidade, a simples dúvida quanto ao futuro, as idéias materialistas, são os maiores incentivadores do suicídio: elas produzem a frouxidão moral.
Dr. Jorge Andréa no livro "Enfoques Científicos na Doutrina Espírita" abordando essa mesma temática tece as seguintes considerações.
"O homem moderno materializou-se, exaltando a deusa - máquina e o deus técnica, não percebendo a fragilidade desses totens de barro. O deus em que confiou e acreditou esboroou-se ao menor dos ventos. Não acontecendo o mesmo com aqueles que asseguram os seus alicerces psicológicos - emocionais numa ética valorosa que o espiritualismo pode oferecer; e mais ainda, numa fé lógica, harmoniosa e inteligível por ser raciocinada , aos que se acercam do estofo dinâmico que caracteriza a Doutrina Espírita. O suicídio , como resultado de um imenso desequilíbrio emocional poderá ser um ato voluntário, porquanto existem outros fatores que concorrem para um suicídio lento despercebido e por isso, considerado involuntário, ou seja, suicídio consciente e inconsciente.
As conseqüências são dolorosas. Não morrerão, ninguém se destrói ante a morte.
Há, sem dúvida, agravantes e atenuantes, no exame do suicídio. Eliminam, no mundo espiritual com muito sofrimento o ônus da atitude desequilibrante e quando retornarem à Terra em novas reencarnações terão que passar, por expiações aflitivas.
Joanna de Ângelis no livro "Após a Tempestade" nos fala dessas conseqüências: aqueles que esfacelam o crânio, reencarnam com a idiotia, surdez-mudez, conforme a parte do cérebro afetada, os que tentaram o enforcamento, reaparecem, com os processos da paraplegia infantil; os afogados com enfisema pulmonar, tiros no coração, cardiopatias congênitas irreversíveis, os que se utilizam de tóxicos e venenos, sofrem sob o tormento das deformações congênitas, úlceras gástricas e cânceres. É Joanna ainda que nos diz:
-"Espera pelo amanhã, quando o teu dia se te apresente sombrio e apavorante. Se te parecem insuportáveis as dores, lembra-te de Jesus, ora, aguarda e confia".
Lembremo-nos de Kardec quando coloca no "Evangelho Segundo o Espiritismo" - "Com o Espiritismo a dúvida não sendo mais permitida, modifica-se a visão da vida".

Bibliografia

1.Kardec, Allan - Evangelho Segundo o Espiritismo
2.Andréa, Jorge - Enfoques Científicos na Doutrina Espírita
3.Angelis, Joanna de - Após a tempestade - psic. De Divaldo Pereira Franco



Fátima Oliveira

Suicídio visto pelo Espiritismo



 
 
 
Suicídio visto pelo Espiritismo


:: Acid :: 
O suicídio é a interrupção da vida (óbvio). Mas nesta frase se encontra a chave de todo o drama que o suicida passa após a morte. Assim como o mais avançado dos robôs, ou um simples radinho de pilha, o corpo também tem sua bateria, e um tempo de vida útil baseado nesta carga. De acordo com nossos planos (traçados do "outro lado") teremos uma carga X de energia, que pode ser ampliada, se assim for necessário. Então, um atentado contra a vida não é um atentado exatamente contra Deus, mas contra todos os seus amigos, mentores e engenheiros espirituais que planejaram sua encarnação nos mínimos detalhes, e contra a própria energia Divina que foi "emprestada" para animar seu veículo físico de manifestação: seu corpo.

Eqüivale aos EUA gastar bilhões pra mandar um homem a Marte, e quando ele estivesse lá resolvesse voltar porque ficou com medo ou sentiu saudades de casa. Todos os cientistas envolvidos na missão ficarão P da vida, e com razão. Afinal, quando ele se candidatou para a missão, estava assumindo todos os riscos, com todos os ônus e bônus decorrentes de um empreendimento deste tamanho. Quando esse astronauta voltar à Terra vai ter trabalho até pra conseguir emprego de gari.
É mais ou menos assim no plano espiritual. Um suicida nunca volta pra Terra em condições melhores do que estava antes de cometer o autocídio.

Segundo Allan Kardec, codificador do espiritismo, "Há as conseqüências que são comuns a todos os casos de morte violenta*; as que decorrem da interrupção brusca da vida. Observa-se a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito ao corpo, porque este laço está quase sempre em todo o vigor no momento em que foi rompido (Na morte natural ele enfraquece gradualmente e, às vezes, se desata antes mesmo da extinção completa da vida). As conseqüências desse estado de coisas são o prolongamento do estado de perturbação, seguido da ilusão que, durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda se encontra no mundo dos vivos. A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de recuperação do estado do corpo sobre o Espírito (ou seja, o espírito ainda sente, de certa forma, as ações que o corpo sofre), que assim se ressente dos efeitos da decomposição, experimentando uma sensação cheia de angústias e de horror. Este estado pode persistir tão longamente quanto tivesse de durar a vida que foi interrompida.

Assim é que certos Espíritos, que foram muito desgraçados na Terra, disseram ter-se suicidado na existência precedente e submetido voluntariamente a novas provas, para tentarem suportá-las com mais resignação. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso, porém, se lhes conserva interditado. A maior parte deles sofre o pesar de haver feito uma coisa inútil, pois que só decepções encontram".

Algumas máximas do espiritismo para o caso de suicídio:
As penas são proporcionais à consciência que o culpado tem das faltas que comete.

Não se pode chamar de suicida aquele que devidamente se expõe à morte para salvar o seu semelhante.

O louco que se mata não sabe o que faz.

As mulheres que, em certos países, voluntariamente se matam sobre os corpos de seus maridos, obedecem a um preconceito, e geralmente o fazem mais pela força do que pela própria vontade. Acreditam cumprir um dever, o que não é característica do suicídio. Encontram desculpa na nulidade moral que as caracteriza, em a sua maioria, e na ignorância em que se acham.

Os que hajam conduzido/induzido alguém a se matar terão de responder por assassinato, perante as Leis de Deus.

Aquele que se suicida vítima das paixões é um suicida moral, duplamente culpado, pois há nele falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus.

O suicídio mais severamente punido é aquele que é o resultado do desespero, que visa a redenção das misérias terrenas.


Pergunta - É tão reprovável, como o que tem por causa o desespero, o suicídio daquele que procura escapar à vergonha de uma ação má?
Resposta dos espíritos - O suicídio não apaga a falta. Ao contrário, em vez de uma, haverá duas. Quando se teve a coragem de praticar o mal, é preciso ter-se a de lhe sofrer as conseqüências.

Será desculpável o suicídio, quando tenha por fim impedir a que a vergonha caia sobre os filhos, ou sobre a família?
O que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, isso é levado em conta, pois que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo. A intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta. Aquele que tira de si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma ação má, prova que dá mais apreço à estima dos homens do que a de Deus, visto que volta para a vida espiritual carregado de suas iniqüidades, tendo-se privado dos meios de repará-los aqui na Terra. O arrependimento sincero e o esforço desinteressado são o melhor caminho para a reparação. O suicídio nada repara.

Que pensar daquele que se mata, na esperança de chegar mais depressa a uma vida melhor?
Outra loucura! Que faça ele o bem, e mais cedo irá lá chegar, pois, matando-se, retarda a sua entrada num mundo melhor e terá que pedir lhe seja permitido voltar, para concluir a vida a que pôs termo sob o influxo de uma idéia falsa.

Não é, às vezes, meritório o sacrifício da vida, quando aquele que o faz visa salvar a de outrem, ou ser útil aos seus semelhantes?
Isso é sublime, conforme a intenção, e, em tal caso, o sacrifício da vida não constitui suicídio. É contrário às Leis kármicas todo sacrifício inútil, principalmente se for motivada por qualquer traço de orgulho. Somente o desinteresse completo torna meritório o sacrifício e, não raro, quem o faz guarda oculto um pensamento, que lhe diminui o valor aos olhos de Deus. Todo sacrifício que o homem faça à custa da sua própria felicidade é um ato soberanamente meritório, porque resulta da prática da lei de caridade. Mas, antes de cumprir tal sacrifício, deveria refletir sobre se sua vida não será mais útil do que sua morte.

Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?
É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. Não há culpabilidade, entretanto, se não houver intenção, ou consciência perfeita da prática do mal.

Conseguem seu intento aqueles que, não podendo conformar-se com a perda de pessoas que lhes eram caras, se matam na esperança de ir juntar-se a eles?
Muito ao contrário. Em vez de se reunirem ao que era objeto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo.

Fonte: Livro dos espíritos (com algumas alterações) 

Alguns exemplos de efeitos de suicídios na nova vida, como constam no livro “As vidas” de Chico Xavier:

- Chico, minha filha, de 5 anos, é portadora de mongolismo, mas eu acho que ela está sendo assediada por espíritos.
Chico descartava a hipótese "espiritual" e encaminhava mãe e filha à fila de passes. Elas viravam as costas, e ele confidenciava a um amigo:
- Os espíritos estão me dizendo que essa menina, em vida anterior recente, suicidou-se atirando-se de um lugar muito alto.

Outra mãe se aproximava e reclamava do filho, também de 5 anos:
- Ele é perturbado. Fala muito pouco e não memoriza mais que 5 minutos qualquer coisa que nós ensinamos.
Quando os dois estavam a caminho da sala de passes, Chico confidenciava:
- Na última encarnação, esse menino deu um tiro fatal na própria cabeça.

Outro caso, ainda mais chocante:
- Meu filho nasceu surdo, mudo, cego e sem os dois braços. Agora está com uma doença nas pernas e os médicos querem amputar as duas para salvar a vida dele.
Chico pensava numa resposta, quando ouviu o vozeirão de Emmanuel:
- Explique à nossa irmã que este nosso irmão em seus braços suicidou-se nas dez últimas encarnações e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente. Agora que está aproximadamente com cinco anos de idade, procura um rio ou um precipício para se atirar. Avise que os médicos estão com a razão. As duas pernas dele serão amputadas, em seu próprio benefício.

morte violenta*: Em casos onde a morte violenta é dívida kármica, e já prevista, sempre há uma equipe de amparadores para fazer o 'desligamento' do corpo e dispersão das energias densas. Os suicidas não contam, obviamente, com esse amparo, pois seria assim um incentivo à prática do suicídio, não havendo assim aprendizado com o erro.


 
 
Formatação: Fátima Oliveira
Midi: Love me tender
Fátima Oliveira

sábado, 14 de julho de 2012

Suicídio e depressão


Historicamente, gregos e romanos nos interpretavam o suicídio com ambitendência. Na doutrina Judaica-Cristã, a vida deve ser preservada. Segundo Santo Tomás de Aquino, o suicídio seria uma forma de assassinato. Caberia a Deus o fim da existência. No moderno contexto social, a interpretação do suicídio é complexa. Para Stevenson, vítimas de suicídio sofrem de alguma doença orgânica ou transtornos da personalidade. Quanto mais elevada .a classe social, maior o risco. O desemprego, a queda do status social e a desilusão afetiva, a separação conjugal, dividindo e reprimindo o relacionamento afetivo dos filhos, submetidos a novas personagens da partenidade e da martenidade. Padrastos e madrastas não representam biologicamente a natureza humana.

Estudos contemporâneos revelam transtornos relacionados ao suicídio. Vivências de perda comprometidas com o objeto amado, ruptura da ferida narcísica de âmbito profissional e fortes emoções afetivas. Para Aaron Beck, Professor emérito da Universidade da Pennsylvania, a finitude de todas as esperanças é um dos indicadores do risco de suicídio mais precisos. Com distorções das idéias e dos pensamentos, proporcionando percepção ou cognição negativista e pessimista da vida, do mundo e do futuro, determinando um estado depressivo final. Durante as recessões econômicas, as taxas de suicídio aumentam. Na Grande Depressão da década de 30 nos Estados Unidos, os maiores índices de suicídio ocorreram na Ponte Golden Gate, em São Francisco, segundo Alec Roy professor da Universidade de New Jersey.

Como questão popular leiga, o suicídio seria um ato de loucura, corvadia ou coragem? Culturas místicas relacionam o suicídio com a autopunição ou renascimento. A partida para um mundo melhor. Um sentimento espiritual místico de realização e supostas gratificações. O terrorismo de fanáticos com atentados e auto-destruição (Nova Iorque, "homens Bombas" no Oriente, não conduz ao paraíso, mas para o inferno, com maldição religiosa.)

Kay Taminson, da Universidade de Johns Hopkins, afirma que o governo americano incentiva em saúde publica programas de diagnostico e prevenção do suicídio entre os jovens. Testes psicológicos, questionários, inventários e "life charts" são procedimentos de rotina nas Escolas para detectar jovens potencialmente suicidas.

Os grupos de risco genéticos selecionados são monitorados pelos Departamentos de Psicologia e Psiquiatria das Universidades.

As alterações encontradas são os transtornos bipolares, depressão maior, anorexia grave como transtorno de doença mental, ideias de suicídio. Comprometimento genético (depressão, suicídio, alcoolismo e drogas). Calory Pataki, da Escola de Medicina da Universidade de Los Angeles, consigna como fatores importantes no suicídio de adolescentes: eventos adversos da vida, circunstâncias ambientais familiares desfavoráveis ou impróprias e alterações cognitivas.

Doenças orgânicas graves, câncer, esclerose múltipla, demência, Aids, Alzheimer estão relacionadas. Segundo autores, suicídios apresentam depressão (que se comprova através dos níveis de serotonina) e transtornos mentais. As personalidades compatíveis com o suicídio são: borderline, antissocial, ciclotímica, compulsiva e esquizóide. Simplesmente um ato de loucura? Ou revolta e fuga de um mundo violento, cruel e traiçoeiro, mundo letal.

Josué de Castro
médico, professor e escritor

Do diário do nordeste

terça-feira, 10 de julho de 2012

Suicidas - Morrem... mas... Não desencarnam


Suicidas - Morrem... mas... Não desencarnam


Marcos Paterra

No espiritismo costuma se usar o termo “Desencarnar” quando uma pessoa morre, porém no caso do suicídio as coisas ocorrem de forma mais lentas.

Em diversas obras encontramos trechos em que os espíritos afirmam que ficam presos ao corpo até sua completa extinção, Allan Kardec nos revela isso com propriedade na entrevista publicada na Revista Espírita de junho de 1858 com o titulo “ O suicida de Samaritana”

“5. Qual foi o motivo que vos levou ao suicídio? - R. Estou morto?... Não...

Habito meu corpo... Não sabeis o quanto sofro!... Eu estufo... Que mão compassiva procure me matar!

13. Que reflexões fizestes no momento em que sentistes a vida se extinguir em vós? - R. Não refleti; senti... Minha vida não está extinta... minha alma está ligada ao meu corpo... Sinto os vermes que me roem.”

No livro “Depois do Suicídio” de Cleonice Orlandi de Lima, temos o depoimento de Jacinto[1] : “ Continuei com o corpo morto, mas sem poder me separar do cadáver. Assim paralisado assisti aos funerais, ouvi os lamentos e as recriminações dos presentes pelo meu ato. Horrorizado, vi fecharem o caixão sobre mim.

Fui conduzido, assistindo a tudo e sempre sentindo a dor do ferimento na boca. Carregaram-me ao cemitério, enterraram-me e me deixaram sozinho. Senti a sufocação do fundo da cova, mas não podia fazer o mais leve movimento. Estava colado ao corpo morto! As dores que sentia eram fabulosamente insuportáveis. E, logo a seguir, passei a sentir o cheiro do corpo apodrecendo. Senti a mordedura dos vermes, milhões de mordidas ao mesmo tempo, por todo o corpo. Dores incríveis!

Muito tempo depois a carne foi se separando dos ossos, foi se acabando e eu sempre ali, sentindo as dores e assistindo a tudo. A sede, a fome e o frio me torturavam. A dor do ferimento da boca nunca me abandonou. Jamais tive um único minuto de descanso, em que pudesse dormir.”

Emmanuel no livro “O Consolador” confirma :

“Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última hora terrestre, em seu corpo somático, indefinidamente. (...) a pior emoção do suicida é a de acompanhar, minuto a minuto, o processo da decomposição do corpo abandonado no seio da terra, verminado e apodrecido."[2]

Yvone Pereira no livro “Memoria de um Suicida” nos trás uma visão do que ocorre quando finalmente o espírito se desliga do corpo contando a história de Camilo Castelo Branco que desencarnado, foi para o "Vale dos Suicidas", onde sofreu horrores, , durante 12 anos até ser resgatado em 1903.

Devemos ainda levar em conta que o suicídio não é só aquele brutal e relativamente rápido, tem também os fumantes, alcoólatras, e/ou viciados de maneira geral.

“O suicídio brutal, violento, é crueldade para com o próprio ser. No entanto, há também o indireto, que ocorre pelo desgastar das forças morais e emocionais, das resistências físicas no jogo das paixões dissolventes, na ingestão de alimentos em excesso, de bebidas alcoólicas, do fumo pernicioso, das drogas aditícias, das reações emocionais rebeldes e agressivas, do comportamento mental extravagante, do sexo em uso exagerado, que geram sobrecargas destrutivas nos equipamentos físicos, psicológicos e psíquicos...”[3]

Kardec é bem claro sobre a questão do suicídio no Livro dos espíritos entre as questões 944 até 946.

“Na morte violenta as sensações não são precisamente as mesmas. Nenhuma desagregação inicial há começado previamente a separação do perispírito; a vida orgânica em plena exuberância de força é subitamente aniquilada. Nestas condições, o desprendimento se começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente. No suicídio, principalmente, excede a toda expectativa. Preso ao corpo por todas as suas fibras, o perispírito faz repercutir na alma todas as sensações daquele. Com sofrimentos cruciantes.”[4]

Muitos podem questionar se o suicídio pode ser induzido por um obsessor, Yone Pereira novamente nos brinda com a resposta : “Não obstante, homens comuns ou inferiores poderão cair nos mesmos transes, conviver com entidades espirituais inferiores como eles e retornar obsidiados, predispostos aos maus atos e até inclinados ao homicídio e ao suicídio. Um distúrbio vibratório poderá ter várias causas, e uma delas será o próprio suicídio em passada existência.”[5]

A doutrina espírita nos ensina que a morte não é o fim; e que de outra forma a vida continua. Que muitas vezes somos influenciados por obsessores, porem esses só agem devido ao nosso desiquilíbrio, e que precisamos ter consciência do que ocorre, caso desistamos da vida a qual tivemos o privilegio de através da reencarnação buscar compreender e superar as provas e expiações.

“A certeza da vida futura, com todas as suas consequências, transforma completamente a ordem de suas ideias, fazendo-lhe ver as coisas por outro prisma: é um véu que se ergue e lhe desvenda um horizonte imenso e esplêndido. Diante da infinidade e da grandeza da vida além da morte, a existência terrena desaparece, como um segundo na contagem dos séculos, como um grão de areia ao lado da montanha. Tudo se torna pequeno e mesquinho e nos admiramos por havermos dado tanta importância às coisas efêmeras e infantis. Daí, em meio às vicissitudes da existência, uma calma e uma tranquilidade que constituem uma felicidade, comparados com as desordens e os tormentos a que nos sujeitamos, ao buscarmos nos elevar acima dos outros; daí, também, ante as vicissitudes e as decepções, uma indiferença, que tira quaisquer motivos de desespero, afasta os mais numerosos casos de loucura e remove, automaticamente, a idéia de suicídio.”[6]



Artigo publicado pela RIE em Junho de 2012

[1] Rio de Janeiro, outubro de 1917- Ed. DPL. São Paulo.1998.

[2] XAVIER, Francisco C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7 ed. Rio de Janeiro:. p. 96. FEB, 1977

[3] FRANCO Divaldo P. ADOLESCÊNCIA E VIDA. CAPÍTULO 25 - O ADOLESCENTE E O SUICÍDIO. P. 76. Ed. FEB.1999.

[4] KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Capítulo 1, 2ª Parte, ítens 11 e 12Ed. FEB. Rio de Janeiro.2.000

[5] PEREIRA, Yvone. Recordações da Mediunidade. Editora FEB. Rio de Janeiro.

[6] KARDEC, Allan. O Principiante Espírita. Cap. Consequências do Espiritismo (item 100). P. 44. Ed. Pensamento. São Paulo. 1955

domingo, 8 de julho de 2012

Suicídio é uma dor silenciosa - Gazeta do Povo


Suicídio é uma dor silenciosa

Carlos Estellita-Lins, psiquiatra, psicanalista e coordenador do Grupo de Pesquisa de Prevenção do Suicídio – PesqueSui, da Fiocruz
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Publicado em 08/07/2012 | DENISE PARO, DA SUCURSAL DE FOZ DO IGUAÇU
Envolto por uma dor extremamente silenciosa, o suicídio é algo carregado de preconceito e estigma. No século 20, o filósofo existencialista Albert Camus classificava-o como “o único tema filosófico realmente sério”, no livro O Mito de Sísifo.
No Brasil, o suicídio começa a ser considerado um problema de saúde pública e chama atenção pelo crescimento: o número de suicidas no país passou de 4,2 para 4,9 em cada 100 mil habitantes na população de todas as idades, e de 4,4 para 5,1 a cada 100 mil jovens entre 1998 e 2008.
Psiquiatra, psicanalista e coordenador do Grupo de Pesquisa de Prevenção do Suicídio – PesqueSui, da Fiocruz, Carlos Estellita-Lins é organizador do livro Trocando seis por meia dúzia – Suicídio como emergência do Rio de Janeiro, lançado recentemente. Nesta entrevista, concedida por telefone para a Gazeta do Povo, ele fala sobre o tema.
O aumento no número de suicídios preocupa?
Há uma preocupação crescente com o suicídio no mundo em lugares onde há taxas de 35 a 45 casos a cada 100 mil habitantes – que são bastante elevadas – como na Rússia e nos países eslavos.
Contudo, no Brasil o que verificamos é um crescimento entre os jovens, idosos e uma interiorização, ou seja, municípios menores têm mostrado taxas mais altas. Em 2008 foram registrados números intrigantes e alarmantes em Amambaí e Paranhos, ambos no Mato Grosso do Sul, com 49,3 e 35 casos de suicídio por 100 mil habitantes, respectivamente, segundo o Datasus.
Em Ibirubá (RS) o índice é de 34,5. Já Nova Prata do Iguaçu (PR) está em 15.º lugar no Brasil, com 24,7 casos. Em Mato Grosso do Sul, as comunidades indígenas respondem claramente pelas taxas elevadas. No Rio Grande do Sul a incidência é maior em comunidades de colonos ou aquelas ligadas à indústria fumageira.
Quais sãos os principais distúrbios relacionados à prática do suicídio?
É importante observar que o suicídio não é algo isolado, é desfecho de alguns distúrbios. Boa parte dos suicídios, talvez acima de 60%, está diretamente ligada a estados depressivos, incluindo as chamadas doenças afetivas, como o transtorno bipolar. Mas qualquer depressão mais grave, na qual a pessoa esteja em situação de dificuldade e de falta de apoio social, pode levar ao suicídio. A prática também está bastante associada ao uso de drogas e é algo mais comum do que a gente imagina.
As pessoas não necessariamente tentam o suicídio quando adoecem, mas muita gente está exposta a isso em função de estresse grave, conflitos psíquicos, por uma enfermidade concomitante e por uma suscetibilidade biológica. Há também casos de psicose, especialmente a esquizofrenia, em que o suicídio ocorre quando o tratamento é inadequado ou insuficiente.
Por último, sabemos que a impulsividade, característica de personalidade, também aumenta o suicídio quando somada a esses aspectos que mencionamos. Temos um contingente grande de pessoas sob esse risco. Também notamos que a vida moderna, ou seja, a vida desumanizada, excessivamente mecanizada, com poucas relações sociais, com pouca rede social, parece ser danosa. Há menos saúde mental e mais suicídios.
Há uma tendência na população em não falar sobre o assunto. Isso é um problema?
A pesquisa percebeu que a comunidade tende a não falar sobre suicídio em razão dos vários aspectos já conhecidos: preconceitos religiosos, estigma, mas também pelo fato de as pessoas deprimidas serem mal vistas pela família, por amigos ou pela comunidade em geral. Não se compreende bem o que é a depressão.
A população mais carente, mais dependente de renda, tende a ver alguém que não está trabalhando como moralmente condenável, preguiçoso. Assim, a depressão é sempre mal compreendida, o que parece agravar a situação.
Além disso, muitas vezes o suicídio é visto como uma fraqueza moral, ou seja, quem pratica o suicídio é tido como alguém que desistiu e, portanto, não seria uma pessoa digna, o que é incorreto.
A experiência de depressão e de suicídio é algo muito silencioso porque existe tabu e porque todos nós estamos despreparados, os profissionais de saúde e a comunidade. Também é silenciosa porque se trata de uma experiência limite-humana que merece todo respeito, cuidado e carinho, mas na enorme maioria dos casos precisa de tratamento adequado.
Como avalia a forma como a sociedade lida com o sofrimento psíquico? Há profissionais preparados para o tratamento e prevenção?
O suicídio é um assunto extremamente difícil de lidar e não é exclusivo do psiquiatra, do psicólogo, do psicoterapeuta, mas de todo profissional de saúde.
Na Europa já existe uma tendência que diz ser um assunto da comunidade como um todo. Quer dizer que cada cidadão tem de se preocupar e tentar ajudar. O outro extremo é o treinamento dos profissionais, especialmente nas emergências.
O que temos percebido em alguns estudos é que as emergências psiquiátricas estão muito defasadas, existe pouco treinamento do residente e ainda são separadas da emergência geral, o que é uma tendência antiga.
Como a mídia deve tratar o suicídio?
Há dois aspectos importantes. Um é o fato de a Organização Mundial de Saúde (OMS), no início da década de 2000, ter feito recomendações para os profissionais de imprensa no mundo todo, especialmente jornalistas. Essas recomendações foram prudentes no sentido de não se veicularem notícias de pessoas famosas de uma maneira descuidada. O segundo é que nessas recomendações há uma preocupação no sentido de que não se deixe de noticiar.
Não se trata de esconder o assunto nem torná-lo tabu, mas sim sempre dizer que é um distúrbio, que é tratável, que é passível de prevenção, portanto se deve noticiar com cuidado. Também é importante não informar precisamente os meios utilizados [para cometer o ato], ainda mais quando a pessoa é pública. Isso pode ser útil porque você não está dando sugestões para quem é suscetível.

Por dia, 25 pessoas cometem suicídio no Brasil

Tribuna da BahiaPublicada: 23/07/2011 02:16| Atualizada: 23/07/2011 01:14
Catiane Magalhães

A cada minuto, duas pessoas se suicidam no mundo. Por dia, são aproximadamente três mil que tiram a própria vida. Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o Órgão, o Brasil ocupa o 73º lugar no ranking dos que registram o maior percentual de casos. Entretanto, considerando números reais, o país avança 64 casas, alcançando a 9ª colocação. Aqui, a média diária é de 25 mortes provocadas, ou seja, pouco mais de nove mil por ano.

Os números, apesar de relativamente baixos, se comparado a outros países, cujos índices são alarmantes, como o Japão, Eslovênia, Rússia, Hungria, Canadá e Grécia, já preocupam, pois crescem a cada ano.

Na última década, a taxa de suicídio aumentou mais de 17% entre os jovens de 15 a 24 anos, e 20% entre a população com mais de 60 anos.

A pesquisa revela um dado ainda mais alarmante: para cada suicídio cometido, são registrados, no mínimo, 20 tentativas frustradas. Para cada tentativa mal sucedida, outras cinco pessoas estão planejando pôr fim à própria vida e outras 17 já pensaram ou pensam seriamente em se matar.

O que pouca gente sabe é que tragédias assim podem ser evitadas. Há quase 50 anos, o Centro de Valorização da Vida (CVV) presta ajuda a pessoas com todo o tipo de problemas, sobretudo as com tendência suicida, nas capitais e principais cidades do país, totalizando 70 postos em várias regiões do Brasil.

Sem cunho religioso ou político, o CVV atende 24 horas por dia, sete dias por semana, inclusive nos feriados. Um grupo de profissionais voluntários trabalha com a prevenção do suicídio, através da valorização da vida. Os profissionais ouvem os problemas e fazem aconselhamentos fundamentados na psicologia e filosofia.

Em Salvador, uma unidade funciona na Rua do Bângala, na Moraria, com atendimentos presenciais de segunda à sexta, das 8 às 18 horas; e virtuais, 24 horas, todos os dias, através dos telefones 3322-4111 ou 141, além de respostas a e-mails e bate-papo por chat.

Apesar da pouca divulgação, o grupo tem uma procura razoável e chega a fazer, em média, 1.500 atendimentos, entre presenciais e por telefone. Esse número é bem maior se contabilizadas às correspondências respondidas.

 “As pessoas vivem tão atribuladas, sempre com tanta pressa, que não se dispõem a ouvir a outra. É o que eu costumo chamar de solidão em grupo, ou seja, é quando o indivíduo vive cercado de gente, mas se sente sozinho.

Quando a pessoa nos procura é porque não está mais aguentando e, na maioria dos casos, ouvimos algo que jamais foi dito para alguém, nem mesmo à família. Isso demonstra como as relações andam superficiais. As pessoas não se doam; não se ajudam”, disse a coordenadora e voluntária do CVV, Soraia Coelho.

Segundo ela, o surgimento das redes sociais contribuiu para o aumento da solidão em grupo. “Agora, a moda é ‘colecionar’ amigos e seguidores, com quem, na maioria das vezes, o indivíduo não se relaciona ou, ao menos, conversa na vida real. São amizades vazias ou pseudorelacionamentos”, ressalta.

Em contrapartida, essa carência faz aumentar a procura por instituições de ajuda, a exemplo do CVV, onde todas as informações são mantidas em absoluto sigilo. As vítimas não precisam se identificar e os voluntários também mantêm o anonimato. Toda informação ouvida não é comentada nem entre os profissionais da entidade. “Não sabemos quem está do outro lado da linha, do mesmo modo que eles não sabem quem somos, mas mantemos uma relação de confiança um pelo outro”, salienta Soraia.

De acordo com ela, o trabalho dos voluntários da CVV já impediu várias tragédias. “A gente só encerra o diálogo, seja pessoalmente ou por telefone, depois que conseguimos proporcionar alguma melhora no outro. É impossível estabelecer números, mas temos a consciência de que ajudamos muitas pessoas à beira da loucura. Prova disso é a quantidade de ligações de agradecimento que recebemos”, comenta.

Motivos do desespero

 Sobre os motivos que levam uma pessoa a suicidar-se, a coordenadora do CVV disse que não existe uma fórmula. Além disso, as razões variam de acordo com a faixa etária. Entre os mais jovens, as causas mais prováveis são: desilusão amorosa, fim de relacionamento, gravidez precoce e o uso de álcool e drogas.

Entre os mais velhos, o transtorno de bipolaridade, endividamento, perda de emprego são os supostos motivos. A maioria dos atentados à própria vida está diretamente ligada à depressão, que pode ser desencadeada por um ou a soma de vários desses problemas.

“Não podemos dizer que todo suicida é depressivo, mesmo porque existe uma diferença grande entre depressão e tristeza. O que há é diferentes formas de enfrentar os problemas. Tem pessoas que sabem contornar. Outras, não. A maneira como lidar com o acúmulo faz toda diferença”, pontua.
Curso para voluntários  – Criado por um grupo de 17 amigos, no início da década de 60, com o intuito de reduzir a taxa de suicídio, o CVV atualmente conta com o trabalho de 30 voluntários, que se revezam em esquema de plantão, 24 horas por dia. O grupo que oferece ajuda às pessoas, agora pede ajuda para continuar se mantendo.

“Precisamos de mais colaboradores para dá sequência aos trabalhos. Por isso, ministraremos, nos dias 13 e 14 de agosto, o curso preparatório para voluntários”, a coordenadora da entidade, ressaltando que qualquer pessoa maior de 18 anos pode se candidatar.

sábado, 7 de julho de 2012

Falar mais sobre suicídio ajuda na prevenção, dizem especialistas

SAÚDE A falta de diálogo e reflexão sobre o tema, ainda tabu no Brasil, aumenta o sofrimento psíquico Por: Cida de Oliveira, Rede Brasil Atual Publicado em 05/07/2012, 08:35 Última atualização às 09:10 Características pessoais, somadas ao sofrimento inerente à vida, podem levar a desequilíbrios emocionais profundos (João Correira Filho/Arquivo RBA)) São Paulo – Enquanto a população brasileira cresceu 17,8% entre 1998 e 2008, o número de homicídios aumentou 19,5% e o de óbitos por acidentes de transporte, 26,5%. Porém, o suicídio teve crescimento de 33,5% no mesmo período, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora o Brasil não esteja entre os países com maiores médias, o dado se torna preocupante quando é levado em conta o tamanho da população brasileira. Além disso, é crescente o número de pessoas em algumas regiões do Rio Grande do Sul e sobretudo entre os indígenas, que se enforcam, se intoxicam com medicamentos e agrotóxicos, como o chumbinho (substância também usada como veneno contra ratos), que disparam contra si próprios armas de fogo ou saltam de grandes alturas.  Considerado problema de saúde pública, o suicídio é definido como ato de deliberadamente tirar a própria vida. “No entanto, nem todas as pessoas que põem fim à própria vida estão em condições emocionais e mentais para tomar essa decisão sem a interferência de um problema mental ou falsas crenças”, diz Neury Botega, professor de Medicina da Universidade de Campinas (Unicamp) no documentário Suicídio no Brasil, realizado pelo Grupo de Pesquisa e Prevenção do Suicídio (PesqueSui), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Seu coordenador, o pesquisador Carlos Eduardo Estellita-Lins, é organizador do livro Trocando seis por meia dúzia – Suicídio como emergência do Rio de Janeiro, lançado esta semana no Rio de Janeiro. Conforme especialistas, o suicídio é resultado de uma combinação perigosa de depressão, alcoolismo, traços de impulsividade e outros problemas mentais, além da perda de esperança no futuro, da fé, dos sonhos utópicos. A maioria das vítimas brasileiras é de adultos jovens, do sexo masculino. Para José Belisário Filho, psiquiatra especializado em infância e adolescência que também participa do documentário da Fiocruz, o período correspondente à infância encolheu e a adolescência aumentou. “Pela própria transitoriedade da fase, surgem no período mais ideações suicidas”, diz. Segundo ele, estudos mostram que o número de casos em idade escolar aumentou em comparação com o do século passado. “As pessoas têm medo de falar disso. E os jovens acham que têm algo de muito errado com eles quando têm esses pensamentos. Se eles pudessem dialogar sobre isso, iriam ver que muitos pensam ou pensaram como eles em algum momento da vida”, diz o especialista.  “O problema não é ter o pensamento suicida, mas não saber o que fazer com ele. Falta preparação dos adolescentes e jovens para o sofrimento”, completa Neury Botega, que considera que a falta de diálogo sobre suicídio é como jogar para debaixo do tapete um problema e ser surpreendido mais tarde por um caso fatal que poderia ter sido evitado.  Ainda segundo os especialistas, os serviços de saúde devem oferecer medidas para aumentar as chances de reflexão e ampliar as possibilidades de saídas para a angústia e para o sofrimento e que, assim, a pessoa em sofrimento psíquico encontre outras alternativas além do fim de sua própria existência.  Entre as medidas de prevenção apontadas estão campanhas divulgadas pela imprensa e, principalmente, a restrição de acesso aos meios letais, como o chumbinho, um agrotóxico usado como raticida que tem causado muitas mortes. Em alguns países, como a Austrália, houve redução nas taxas de suicídio depois de amplas campanhas e do desarmamento da população. Em outros, há sucesso com a colocação de barreiras em plataformas de trens e metrôs e de intervenções em grandes edificações, como a colocação de redes, além da embalagem de comprimidos em cartelas-bolha em vez de soltos, em vidros. “Com isso dá tempo de chegar alguém enquanto a pessoa destaca comprimido por comprimido. Há uma chance de socorro”, diz Marcelo Tavares, do Núcleo de Intervenção ao Suicídio da Universidade de Brasília (UnB).  “A menor dificuldade que se coloca para o salto de uma janela, de um parapeito, pode levar a pessoa a refletir melhor se vale mesmo a pena aquele esforço”, diz Marcelo.  Seis por meia dúzia O livro Trocando seis por meia dúzia – Suicídio como emergência do Rio de Janeiro é resultado de três anos de pesquisa realizada nos polos de emergência psiquiátrica do Rio de Janeiro. Relata o atendimento aos pacientes que atentam contra a sua própria vida nas emergências dos hospitais da cidade, e aborda as dificuldades dos profissionais de saúde desde a recepção até o atendimento pelo psiquiatra e, principalmente, a constatação da inexistência de serviços preparados para esta demanda. O livro traz ainda depoimentos de profissionais, de sobreviventes e de camelôs que vendem o chumbinho, veneno dos mais procurados por suicidas, sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e vendido livremente.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

UNIVERSIDADE E SUICÍDIO - Discutindo Arquitetura e Prevenção


Luiz Carlos Formiga


Com o titulo “Arquitetura segura – uma reflexão para o futuro”, no dia 12 de agosto, aconteceu um simpósio na nossa Universidade do Estado, coordenado pela Vice-Reitoria.

UERJ é Pela VIDA, constatamos no hall dos elevadores:
“Torre Eiffel. 370 pessoas se suicidaram de 1898 até 1971. Foram colocadas grades protetoras.”

O suicídio nos chamou a atenção por causa de nossa linha de pesquisa. No segundo quartel da década de 1960 começamos a trabalhar com um agente etiológico de uma doença infecciosa respiratória letal para crianças não vacinadas. A morte de uma criança pela paralisia do diafragma e miocardite deixa qualquer um perplexo. Foi assim que fiquei posteriormente ao ler “Aspectos médico-sociais das tentativas de suicídio de crianças por ingestão de produtos químicos, J. Ped., 43: 152-156, 1977.” O alcoolismo estava presente na vida dos pais.

A última atividade do simpósio foi sobre “plantas tóxicas”. Embora, perfumadas e belas são perigosas como as mentes que não possuem sensibilidade.


Comentando suicídio, arquitetura e comportamento, o professor Marcelo Tavares, UNB, chamou a atenção de que ‘Notre Dame é uma gaiola. Você não percebe porque a beleza permaneceu, mesmo depois de executada medida preventiva."
http://www.notredamedeparis.fr/spip.php?rubrique2
"Empire States (Nova Iorque). De 1931 a 1947 ocorreram diversos suicídios até a colocação de cerca ao redor do observatório."
Por que as crianças se suicidam? Até entendia as razões do adulto, mas compreender tentativas de suicídio de crianças por ingestão de produtos químicos era “over-dose”. Fui à luta e escrevi sobre isso, em dezembro de 1981, no Reformador, 99(1833): 387-392 e estou nela até hoje.
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/por-que-criancas-se-suicidam.html
Existem homens capazes de resistir a desgraças horríveis enquanto outros se suicidam depois de aborrecimentos ligeiros. Seria importante investigar a causa desta fragilidade/resistência e o que contribui para essa estrutura maior ou menor, em termos de inteligência emocional e espiritual. Interessante anotar que é nas épocas em que a vida é menos dura que as pessoas a abandonam com mais facilidade, o que fez o psiquiatra Miguel Chalub (O Globo, 12-5-1979), lembrar que em situações altamente dramáticas, como nos campos de concentração, o número de suicídios é bem pequeno.

O professor Tavares da UNB comentou que para ganhar a liberdade o indivíduo atravessa a barreira de arame farpado, mas, para morrer, ele exige alguma gratificação, não quer sentir dor.
Reichstag (Berlim). Novas barreiras de segurança e aumento do efetivo policial para evitar os freqüentes suicídios que ocorrem da sua cúpula.
http://www.berlinistin.com/2010/04/suicidio-no-reichstag.html

Na UERJ, Neury José Botega, professor da faculdade de medicina na UNICAMP lecionou Epidemiologia e Prevenção e nos fez pensar com números. Disse que “pela primeira vez no Brasil se discute 'Arquitetura Segura'”. Dizendo ainda que houve aumento de suicídios (17%) no Brasil, nos últimos 10 anos, informou que registramos 25 suicídios por dia, mas esse número deve ser 20% maior. Num acidente que ocorre com ônibus a morte de 25 passageiros sairia na primeira página de jornal, mas 25 suicídios não são noticiados. Indicou o Mapa da Violência 2011 e nos pediu para não deixar de pensar no suicídio da população indígena, que está ligado ao alcoolismo.
http://blog.planalto.gov.br/mapa-da-violencia-2011-aponta-causas-de-homicidios-entre-jovens-no-brasil/

Botega ensinou como se faz prevenção universal (população geral); seletiva (de risco mais elevado) e indicada (alto risco). Na população geral a conscientização e a redução de acesso aos meios letais são importantes. Há risco mais elevado na presença de doenças mentais (alcoolismo, transtorno bipolar) que devem ser tratadas. Não esquecer adolescentes grávidas e epilepsia. Uma tentativa é o principal fator de risco. Há alto risco e devemos seguir os que já tentaram, incentivando a continuar o tratamento. O telefonema ajuda muito.


Alguns manuais são fundamentais.

Discutir o suicídio e oferecer informações adequadas são procedimentos importantes para a prevenção.

OMS deve ser visitada. Vejam, entre outros, o manual em português para professores e educadores.
http://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_educ_port.pdf
www.who.int./mental_health/resources/suicide/en/index.html

Como oferecer orientações sobre como abordar o suicídio na imprensa, preservando o direito à informação e colaborando para a prevenção? A resposta existe e merece ser examinada, portanto vamos nos utilizar da ABP Editora, que fez um manual dirigido ao profissional de imprensa.
http://www.abp.org.br/sala_imprensa/manual/img/CartilhaSuicidio_2009_light.pdf

Veja um manual para profissionais de Saúde em ATENÇÃO PRIMÁRIA para prevenção do suicídio.
http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sms/usu_doc/prevencao_do_suicidio.pdf
http://www.cvvnovohamburgo.org.br/apoio-emocional.html?gclid=CL7KrdKj0qoCFUh_5godbxJ5MA

Divida com a gente. Então, se você tem sentido vontade de conversar com alguém, ligue para o CVV. Nós temos todo o tempo do mundo para saber como vai você.

CVV é um serviço de apoio emocional gratuito e sigiloso, disponível 24h por dia, 365 dias por ano, a todas as pessoas que estejam querendo conversar.
http://www.cvv.org.br/
Lista de contatos e endereços dos Postos CVV em todo o Brasil.
http://www.cvv.org.br/site/images/stories/o_cvv/postos_cvv.pdf

Em outubro de 2011, pretendemos estar no III Seminário de Prevenção do Suicídio da UERJ. Estudaremos os “Aspectos sociais e culturais na compreensão e prevenção do suicídio".
Nestes dias teremos peça teatral como atividade complementar:
“A história do homem que ouve Mozart e da moça do lado que escuta o homem.”

Na UERJ funciona um Núcleo Espírita Universitário (NEU)
http://neu-uerj.zip.net/ norteado pelas pesquisas e obras de Allan Kardec
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/allan-kardec-e-sua-missao.html

Com metodologia científica o pesquisador francês conseguiu demonstrar que a morte do corpo não mata a vida, fazendo do suicídio um ato estúpido
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/metodologia-cientifica.html

Em Uberaba, impressionou-me o sofrimento e a expectativa daquelas mães esperando a comunicação, como Nair Belo. Chico Xavier tinha um limite e psicografava “poucos”, durante cada reunião.

Qual o critério utilizado pela espiritualidade para a escolha das mães privilegiadas?

Um amigo disse-me já ter feito a pergunta. Fora informado de que o critério era a profundidade da dor na alma, aquela que poderia levar ao suicídio.
http://naocometasuicidio.blogspot.com/2011/03/aborto-e-suicidio-luiz-carlos-formiga.html
Com Chico Xavier aquelas mães acabavam concordando que a morte é apenas uma mudança de estilo de vida.
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.10.htm

Investigações sistemáticas passaram a demonstrar que pessoas religiosas não eram sempre neuróticas ou instáveis e que indivíduos com fé religiosa profunda, na realidade pareciam lidar melhor com estresses da vida, recuperar-se mais rapidamente de depressão e apresentar menos ansiedade e outras emoções negativas que as pessoas menos religiosas
http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/F_autores/FORMIGA_Luiz_tit_Drogas_e_Espiritualidades.htm
O suicídio, ato isolado, não pode ser politicamente blindado e de algum modo repercute no trabalhador. Uma funcionária que escutou o barulho, ao olhar pela janela foi parar no hospital com crise hipertensiva, nos informou o médico João Luiz Clara André do DESSAUDE, que tem, como vocação, a prevenção/promoção da saúde dos trabalhadores da UERJ.

O professor Marcelo Tavares comentou que nossa cultura não foi preparada para lidar com o sofrimento psíquico grave e "relatou o caso específico de um grande shopping de uma capital, onde o suicídio era freqüente. Descreveu o problema, a intervenção arquitetônica realizada e seus efeitos."

O NEU tem procurado, mesmo que de forma imperfeita, colaborar nessa discussão.
http://naocometasuicidio.blogspot.com/2011/02/suicidio-e-loucura-dr-luiz-carlos.html

"UERJ (Rio de Janeiro). De 1989 até 2011 (agosto) foram 11 suicídios. Estamos trabalhando para mudar esse quadro."

(*) Texto enviado, como retroalimentação, à Vice Reitoria da UERJ, pelo Prof. Dr. Luiz Carlos D. Formiga, Aposentado, Faculdade de Ciências Médicas, participante.